Anomalia temporal

Uma reflexão: estou realmente atrasado nas postagens?

Hoje aqui no Japão, na verdade é amanhã aí para o Brasil…

Então, quando digo que hoje (ou amanhã) cheguei ao post de ontem (ou hoje), na
verdade não significa que estou, ou estarei, necessariamente atrasado.

Se o post de ontem é na verdade o de hoje, então o post de hoje está pronto desde
amanhã, dependendo do referencial do observador.

Museus e Kabuki

Terça, dia 23, resolvemos fazer o que não conseguimos no dia anterior.

Primeiro fomos ao Museu Nacional de Tokyo. O museu é muito interessante com diversas exposições de arte, armas, escrita japonesa, entre outras coisas.


Vista da janela do museu


Essa é para a Camila: AutoCad do século XIX no Japão (projeto real de uma casa de chá)

Depois passamos no zoológico. Esperávamos mais dele.

Por último, ainda na área do parque, fomos ao Museu Shitamachi. Nesse museu tem um andar com uma reprodução de casas e oficinas reais de um passado distante, com peças e ferramentas reais, que a gente pode inclusive pegar. Um guia explica a história e mostra detalhes, como depósitos escondidos sob tábuas no chão. Muito legal.

Dali fomos para o teatro, perto de Ginza, para assistir ao teatro Kabuki.

Foi uma experiência completamente nova. A gente coloca um fone que faz comentários em inglês sobre o teatro kabuki e traduz o que está acontecendo.

É difícil descrever o que é o kabuki, mas gostei muito de uma explicação que eles mesmo deram. No teatro ocidental, as peças tentam ser realistas e o objetivo da peça é contar uma estória. Normalmente não conhecemos a estória e ela é o ponto central da peça.

No kabuki, geralmente são apresentadas peças antigas, que todos já conhecem os personagens e o enredo. O objetivo não é ser realista, mas ser dramático e o que você vai assistir é uma interpretação. A história não importa. O ator e a sua representação dramática são o foco. A realidade é modificada ou exagerada com a intenção de amplificar a dramaticidade.

Foram 4 horas, com duas peças e no intervalo todos comem obentôs (marmitas), nas cadeiras do teatro. Faz parte da tradição…

PS: com esse post de ontem estou só um dia atrasado nas postagens!

Tokyo

Dia 21 chegamos em Tokyo, deixamos as malas no hotel e fomos para Ginza (fala-se “guinza”), uma bairro famoso em Tokyo pelas lojas de marca e restaurantes.

Eu queria passar em Ginza no domingo, porque a rua principal por lá fica fechada para carros nesse dia.


Como a gente estava cansado, nem aproveitamos muito. Só passei no prédio da Sony, que tem vários andares com lançamentos e muita coisa interessante. Testamos lá uma handy cam 3D. Enquanto filmávamos, víamos em 3D (com os óculos), na televisão, o que estava sendo filmado. Funciona muito bem.

Jantamos perto do hotel e dormimos.

No dia 22 o plano era ir no parque Ueno, que é muito grande e tem museus, zoológico e outras coisas mais.


O parque é interessante, como um Central Park daqui. Mas, era segunda-feira. E aqui os museus e o zoo não abrem na segunda. Falha no meu planejamento…

Então, andamos de pedalinho no lago do parque e fomos para Akihabara, outro bairro muito famoso de Tokyo, esse por causa dos eletrônicos.

Tinha lido que se fosse para escolher uma loja em Akihabara era para pegar a Yoyobashi Camera. A loja é um prédio muito grande com tudo que você pode precisar. Fomos só lá e realmente tem de tudo. Muito bom.

De lá fomos para Ginza para jantar em um reconhecido restaurante de sushi. Vale aqui um parêntesis, também. Tokyo tem, provavelmente, a maior concentração de ótimos restaurantes no mundo. É, por exemplo, disparada a cidade com maior número de restaurantes 3 estrelas no Guia Michelan (tem 17, enquanto Paris tem 10).  O restaurante que escolhemos tem 1 estrela no Guia Michelan e já foi uma experiência única. Inesquecível.

Meu japonês posto à prova

Nesse mesmo dia 20, como sobrou um tempo, resolvemos dar uma passada no palácio do imperador.

Como não estava nos meus planos, não fazia ideia de como chegar lá. Resolvemos, então, pegar um taxi.

Aqui cabe um parêntesis: eu estou realmente muito feliz com o meu japonês. Tenho conseguido falar em japonês em quase todas as situações, conversando, tirando dúvidas, perguntando como chegar em algum lugar, etc.

Sei que devo falar que nem um índio, mas toda hora alguém elogia meu japonês (em japonês) e digo que não, nada disso, mas no fundo fico todo orgulhoso, é claro.

Até que entrei nesse taxi a caminho do palácio do imperador, quando conheci o japonês mineirinho, do interior.

Não conseguia entender uma palavra do que ele dizia. Quando ele tentava o inglês, pior ainda…

E o pior é que ele gostava de falar! Quando falei que era do Brasil ele começou a falar do Neymar, Ayrton Senna, Pelé… Cada nome desse levei minutos para entender. E algumas horas tinha a nítidida impressão que nós dois estávamos em conversas paralelas. Falando de assuntos completamente diferentes. Cada vez que ele fazia uma pergunta eu suava frio…

Pelo menos chegamos ao palácio (eu já tinha dúvidas se a gente chergaria lá).

Nem valeu o esforço, porque ele é fechado para visitações. São jardins muito grandes e bonitos e um grande muro que cobre todo o palácio. Valeu pela experiência com o mineirinho.


O (muro do) palácio do imperador

PS: falando de línguas, mais um causo. Hoje (23/10), em um café, um casal de americanos começou a falar conosco em inglês e o americano uma hora perguntou:
– Você é Sul Africano?
Eu disse que não, que era brasileiro.
E ele disse:
– Eu achei que fosse, pelo seu sotaque britânico.
E eu respondi:
– Obrigado