Museu da espada e dois grandes templos

Quarta, dia 24, começamos o dia indo para o Museu da Espada. Para mim, imperdível.

O museu é pequeno, apenas uma sala, e não são permitidas fotos, mas as espadas são fantásticas. E você segue a exposição em uma linha do tempo, passando por diferentes épocas e estilos de forja da espada japonesa. Uma ótima aula, para quem gosta do assunto.

Perto de lá ficava o Parque Yoyogi, onde fica o Meiji Jingu, o mais importante templo xintoísta do Japão, dedicado ao imperador Meiji e sua esposa.

Algumas fotos do parque e do templo:

Os japoneses quando se casam, normalmente, fazem duas cerimônias. Uma estilo ocidental e outra tradicional japonesa. Quando estávamos no templo estava acontecendo uma cerimônia tradicional e consegui uma foto da noiva entrando no carro. Repare que o teto do carro se abre, porque o enfeite do cabelo é tão grande, que não caberia em um carro convencional 🙂

 

Depois fomos ao templo mais antigo do Japão. O templo budista chamado de Sensoji. O lugar é grande e muito bonito. Era realmente impressionante e tinha o altar mais bonito que vimos por aqui…

De lá passamos na rua Kappabashi Dori, lugar com tudo para cozinha. Lá os restaurantes compram seus utensílios. Compramos duas facas muito boas e vários utensílios. Quando voltarmos para o Brasil a Renata vai tentar fazer algumas coisas que gostamos muito daqui…  gostei da ideia 🙂

 

Anomalia temporal

Uma reflexão: estou realmente atrasado nas postagens?

Hoje aqui no Japão, na verdade é amanhã aí para o Brasil…

Então, quando digo que hoje (ou amanhã) cheguei ao post de ontem (ou hoje), na
verdade não significa que estou, ou estarei, necessariamente atrasado.

Se o post de ontem é na verdade o de hoje, então o post de hoje está pronto desde
amanhã, dependendo do referencial do observador.

Museus e Kabuki

Terça, dia 23, resolvemos fazer o que não conseguimos no dia anterior.

Primeiro fomos ao Museu Nacional de Tokyo. O museu é muito interessante com diversas exposições de arte, armas, escrita japonesa, entre outras coisas.


Vista da janela do museu


Essa é para a Camila: AutoCad do século XIX no Japão (projeto real de uma casa de chá)

Depois passamos no zoológico. Esperávamos mais dele.

Por último, ainda na área do parque, fomos ao Museu Shitamachi. Nesse museu tem um andar com uma reprodução de casas e oficinas reais de um passado distante, com peças e ferramentas reais, que a gente pode inclusive pegar. Um guia explica a história e mostra detalhes, como depósitos escondidos sob tábuas no chão. Muito legal.

Dali fomos para o teatro, perto de Ginza, para assistir ao teatro Kabuki.

Foi uma experiência completamente nova. A gente coloca um fone que faz comentários em inglês sobre o teatro kabuki e traduz o que está acontecendo.

É difícil descrever o que é o kabuki, mas gostei muito de uma explicação que eles mesmo deram. No teatro ocidental, as peças tentam ser realistas e o objetivo da peça é contar uma estória. Normalmente não conhecemos a estória e ela é o ponto central da peça.

No kabuki, geralmente são apresentadas peças antigas, que todos já conhecem os personagens e o enredo. O objetivo não é ser realista, mas ser dramático e o que você vai assistir é uma interpretação. A história não importa. O ator e a sua representação dramática são o foco. A realidade é modificada ou exagerada com a intenção de amplificar a dramaticidade.

Foram 4 horas, com duas peças e no intervalo todos comem obentôs (marmitas), nas cadeiras do teatro. Faz parte da tradição…

PS: com esse post de ontem estou só um dia atrasado nas postagens!

Tokyo

Dia 21 chegamos em Tokyo, deixamos as malas no hotel e fomos para Ginza (fala-se “guinza”), uma bairro famoso em Tokyo pelas lojas de marca e restaurantes.

Eu queria passar em Ginza no domingo, porque a rua principal por lá fica fechada para carros nesse dia.


Como a gente estava cansado, nem aproveitamos muito. Só passei no prédio da Sony, que tem vários andares com lançamentos e muita coisa interessante. Testamos lá uma handy cam 3D. Enquanto filmávamos, víamos em 3D (com os óculos), na televisão, o que estava sendo filmado. Funciona muito bem.

Jantamos perto do hotel e dormimos.

No dia 22 o plano era ir no parque Ueno, que é muito grande e tem museus, zoológico e outras coisas mais.


O parque é interessante, como um Central Park daqui. Mas, era segunda-feira. E aqui os museus e o zoo não abrem na segunda. Falha no meu planejamento…

Então, andamos de pedalinho no lago do parque e fomos para Akihabara, outro bairro muito famoso de Tokyo, esse por causa dos eletrônicos.

Tinha lido que se fosse para escolher uma loja em Akihabara era para pegar a Yoyobashi Camera. A loja é um prédio muito grande com tudo que você pode precisar. Fomos só lá e realmente tem de tudo. Muito bom.

De lá fomos para Ginza para jantar em um reconhecido restaurante de sushi. Vale aqui um parêntesis, também. Tokyo tem, provavelmente, a maior concentração de ótimos restaurantes no mundo. É, por exemplo, disparada a cidade com maior número de restaurantes 3 estrelas no Guia Michelan (tem 17, enquanto Paris tem 10).  O restaurante que escolhemos tem 1 estrela no Guia Michelan e já foi uma experiência única. Inesquecível.

Meu japonês posto à prova

Nesse mesmo dia 20, como sobrou um tempo, resolvemos dar uma passada no palácio do imperador.

Como não estava nos meus planos, não fazia ideia de como chegar lá. Resolvemos, então, pegar um taxi.

Aqui cabe um parêntesis: eu estou realmente muito feliz com o meu japonês. Tenho conseguido falar em japonês em quase todas as situações, conversando, tirando dúvidas, perguntando como chegar em algum lugar, etc.

Sei que devo falar que nem um índio, mas toda hora alguém elogia meu japonês (em japonês) e digo que não, nada disso, mas no fundo fico todo orgulhoso, é claro.

Até que entrei nesse taxi a caminho do palácio do imperador, quando conheci o japonês mineirinho, do interior.

Não conseguia entender uma palavra do que ele dizia. Quando ele tentava o inglês, pior ainda…

E o pior é que ele gostava de falar! Quando falei que era do Brasil ele começou a falar do Neymar, Ayrton Senna, Pelé… Cada nome desse levei minutos para entender. E algumas horas tinha a nítidida impressão que nós dois estávamos em conversas paralelas. Falando de assuntos completamente diferentes. Cada vez que ele fazia uma pergunta eu suava frio…

Pelo menos chegamos ao palácio (eu já tinha dúvidas se a gente chergaria lá).

Nem valeu o esforço, porque ele é fechado para visitações. São jardins muito grandes e bonitos e um grande muro que cobre todo o palácio. Valeu pela experiência com o mineirinho.


O (muro do) palácio do imperador

PS: falando de línguas, mais um causo. Hoje (23/10), em um café, um casal de americanos começou a falar conosco em inglês e o americano uma hora perguntou:
– Você é Sul Africano?
Eu disse que não, que era brasileiro.
E ele disse:
– Eu achei que fosse, pelo seu sotaque britânico.
E eu respondi:
– Obrigado

Mais uma rodada?

Sábado, dia 20, mais uma rodada de templos em Kyoto… templo é o que não falta por aqui.

Antes, passamos em um parque (com um templo) em frente ao nosso ryokan.

Do parque, fomo para o templo Tofukuji. O templo é conhecido como um dos mais bonitos no outono.

Mais uma vez, as cores não estavam perfeitas, mas o visual era fantástico.

De lá, paramos para almoçar e fomos para mais um templo. Ou pelo menos um local religioso importante: o Fushimi Inari Taisha.

O lugar é famoso pela enorme quantidade de portais torii (nas fotos fica claro do que estou falando) subindo uma montanha de mais de 230 metros.

A quantidade é absurda. Deve estar na casa de dezenas ou centenas de milhares de portais.

Como eu não sabia o tamanho, fomos subindo, subindo e subindo cada vez mais a montanha pelo caminho de portais, passando por dezenas de altares, até que desistimos e descemos.

Agora eu sei que são umas 3 horas para completar a subida, e não chegamos nem perto da metade do caminho. Mal conseguia andar, quando chegamos de novo na base da montanha.

A quantidade de portais realmente impressiona. Cada um com textos diferentes, esculpidos e pintados de preto. Impressionante.



Um chopp no almoço, antes de começar a subida

 


 

 

Templo de Kiyomizudera

Dia 19 ainda rendeu mais um templo.

Saindo no mercado, à tarde, fomos ao Templo de Kiyomizudera. O templo é conhecido pela vista da floresta.

É realmente muito bonito, tanto o templo quanto a vista. Mas, apesar de ser outono, uma das épocas mais bonitas por aqui, as árvores não estão ainda nos tons de vermelho característicos que eu esperava ver. Mesmo assim, foi muito legal.


Em um bairro tradicional, a caminho do templo


Mais uma a caminho do templo


Multidão chegando ao templo


A Renata com um casal de japoneses, bem simpáticos


Tudo bem sinalizado. Não tem como um turista se perder por aqui, não é?


 

A Cozinha de Kyoto

Ainda no dia 19, depois do Templo de Ouro, fomos para o Mercado Nishiki, também conhecido (merecidamente) como a “Cozinha de Kyoto”.

A variedade de peixes, doces e comidas em geral é impressionante. Tanto pela diversidade da comida, como pelas cores e pelo aspecto tradicional.

Fomos andando, tirando fotos e experimentando as coisas pelo caminho.


Mercado Nishiki

Andando por lá encontramos algumas coisas surpreendentes (para não dizer bizarras), como o pequeno polvo “caramelizado” no palito, que não pude deixar de experimentar… e não é que é bom 🙂

Para fechar com chave de ouro, comemos uma sobremesa em um restaurante por lá que estava simplesmente deliciosa. Não era típica japonesa, porque doce não é a especialidade por aqui, mas era fantástica. Era de morango com sorvete, sucrilhos, chantilly e calda de chocolate. Não sei porquê, mas achamos o chantilly deles bem melhor do que o que encontramos no Brasil.

E para encerrar o post, uma foto que tiramos, perto do mercado, de duas mulheres vestidadas com roupas tradicionais japonesas. Não é tão comum, mas vemos pessoas vestidas assim de vez em quando.

 

 

 

O Templo de Ouro

Cheguei ao dia 19 (ainda 3 dias atrasado nos posts)!

Nesse dia fomos de manhã ao famoso Kinkakuji ou Templo de Ouro.

E ele é exatamente isso: um templo (muito bonito) todo coberto de ouro. Por isso, a visitação é proibida e só podemos ver de longe.

A visita é rápida, mas o templo é realmente lindo. Visita obrigatória para quem passa por aqui.

 

Tarde em Kyoto

Ainda na quinta, dia 18, chegamos à tarde em Kyoto e fomos direto para o Ryokan.

Ryokan é uma hospedagem tradicional japonesa. Você é o tempo todo atendido por pessoas em trajes tradicionais, fica em um quarto bem tradicional, com chão de tatame, sala de banho (chuveiro e banheira) separada da sala com o sanitário, entre outras coisas.

É uma experiência muito interessante. O Kikokuso (ryokan em que ficamos) é administrado por uma família. A senhora que nos servia o tempo todo, vestida como uma gueixa, era muito simpática. Os outros “funcionários” eram o marido, a filha e o filho dela.


Renata em frente ao ryokan Kikokuso, onde ficamos


Nosso quarto já com a “cama” preparada

Depois que chegamos e deixamos as coisas no quarto, resolvemos dar uma passada na Tozando, uma loja tradicional de espadeiros japoneses.


Tozando, fabricante de espadas tradicionais

A loja é fantástica e fomos muito bem atendidos. Acabei comprando uma faca feita a mão e, não resisti, e comprei uma espada.

Não é uma espada original fabricada com as técnicas tradicionais. Essas são absurdamente caras. Comprei uma outra, feita também por eles, mas com a lâmina de aço moderno, industrial. Na verdade, segundo eles, os praticantes de espada japonesa usam normalmente essas espadas modernas (imitações das tradicionais) até graduações bem avançadas (preta, terceiro dan). Só depois de muitos anos alguns investem em espadas tradicionais originais.

A espada é linda, mas não tirei fotos para não tirar da embalagem protegida que eles fizeram para a viagem.

Depois da compra eles deram a dica de passar no Centro de Budo de Kyoto, que ficava perto de lá. Ótima dica.

Lá estava começando uma aula de iaido (saque de espada), que eu também treinava um pouco aos sábados, depois do karate.

O lugar era bem legal e o treino foi muito bom.